Canaã é a antiga denominação da região correspondente a área
do atual Estado de Israel (inclusive as Colinas de Golã), da Faixa de Gaza, da
Cisjordânia, parte da Jordânia (uma faixa na margem oriental do Rio Jordão),
do Líbano e parte da Síria (uma faixa junto ao Mar Mediterrâneo, na parte
sul do litoral da Síria) essa região ficou conhecida como Levante.
A civilização canaanita se desenvolveu durante longos períodos
de clima estável interrompidos por curtos períodos de mudança climática.
Durante estes períodos, os cananeus beneficiaram de sua posição intermediária
entre antigas civilizações do Oriente Médio - Antigo Egito, Mesopotâmia (Suméria, Acádia, Assíria e Babilônia), Hititas, e Creta minóica - para se
tornar cidades-estados de príncipes mercantes ao longo da costa , com pequenos
reinos especializados em produtos agrícolas no interior.
Idade do Bronze
inicial (3500-2000 a.C)
As primeiras cidades no sul do Levante surgiram durante este
período. Estes
"proto-cananeus" estavam em contato regular com os outros povos ao
sul (Egito) ao norte da Ásia Menor (hurritas, hititas) e Mesopotâmia (Suméria, Acádia , Assíria ), uma tendência que continuou até a Idade do Ferro.
O fim do período foi marcado pelo
abandono das cidades e um retorno ao estilo de vida baseado em aldeias
agrícolas e seminômades de pastoreio, embora as rotas de comércio permanecessem abertas.
Idade do Bronze Médio
(2000-1550 a.C)
Muitos aspectos da cultura semita canaanita refletiam uma
influência mesopotâmica e toda a região tornou-se uma vasta
rede de comércio internacional. Foi
durante este período também que os cananeus invadiram o Delta oriental do
Egito. Conhecidos como hicsos, eles se tornaram a potência dominante no
Egito.
Idade do Bronze Final
(1550-1200 a.C)
Os cananeus durante
este período já tinham orientação voltada para o mar, com a economia e o
comercio baseado na navegação. Em 1550 aC. Tiro, Sidon, e Biblos (hoje no
Líbano) formavam seus principais portos.
Nos séculos anteriores ao aparecimento dos hebreus, partes
de Canaã e da Síria tornaram-se tributário aos faraós egípcios, a
dominação egípcia foi esporádica e não forte o suficiente para impedir frequentes rebeliões locais e lutas entre cidades. Outras áreas, como o norte de
Canaã e da Síria passaram a ser governados pelos assírios durante este
período.
O período fenício - Idade do Ferro (1200-330 a.C)
Não se conhece com exatidão a que ponto os fenícios viam a
si próprios como uma única etnia; sua civilização estava organizada em cidades-estados, de maneira semelhante a Grécia Antiga; cada uma destas
constituía uma unidade política independente, que frequentemente entravam em
conflito e podiam dominar umas as outras - embora também colaborassem através
de ligas e alianças. Sarepta (atual Sarafant), entre Sídon e Tiro, é a cidade mais
extensivamente escavada pelos arqueólogos no território fenício.
Uma liga formada por cidades-estados portuárias
independentes, juntamente com outras situadas em ilhas ao longo do litoral
do mar Mediterrâneo, era muito apropriada para o comércio entre a região do
Levante. Durante o início
da Idade do Ferro, por volta de 1200 a.C., um evento até agora desconhecido
ocorreu, associado historicamente com a chegada de um povo vindo do norte,
conhecido pelo exônimo de Povos do Mar. Estes povos enfraqueceram e destruíram
as civilizações egípcia e hitita, respectivamente; no vácuo de poder que se
seguiu à sua chegada, diversas cidades fenícias adquiriram importância como
potências marítimas.
A importância da
cidade de Ugarit
Ugarit (atual Ras Shamra) foi uma antiga e cosmopolita
cidade portuária, situada na costa mediterrânea do norte da Síria. Ugarit
enviava tributo ao Egito e mantinha vínculos diplomáticos e comerciais com o
antigo Chipre (chamado então de Alashiya), documentados nos arquivos
recuperados do sítio arqueológico e corroborados pela cerâmica cipriota e
micênica descoberta ali. O apogeu da cidade ocorreu de cerca de 1450 a.C. até
1200 a.C..
A localização de Ugarit foi esquecida até 1928, quando um
camponês alauíta abriu acidentalmente uma tumba antiga enquanto arava o campo.
A área descoberta era a necrópole de Ugarit. As escavações revelaram desde
então uma cidade importante, que se situa ao lado de Ur e Eridu como o berço da
cultura urbana, com uma pré-história que alcança o sexto milênio a.C., talvez
por ter sido tanto um porto como a entrada da rota comercial que levava às
terras em torno dos rios Tigre e Eufrates.
Durante uma escavação do sítio, diversos depósitos de
tabuletas de argila na escrita cuneiforme foram encontradas, constituindo uma
biblioteca do palácio, outra biblioteca de um templo e uma aparente
exclusividade no mundo então (duas bibliotecas privadas) todas datando da
última fase de Ugarit, em cerca de 1200 a.C.. As tabuletas descobertas neste
centro cosmopolita foram escritas em quatro línguas: sumério, hurrita, acádio
(o idioma da diplomacia no antigo Oriente Médio), e ugarítico (do qual nada se
conhecia até então). Nada menos que sete alfabetos diferentes eram utilizados
em Ugarit: hieróglifos egípcios e luvitas, e os cuneiformes eteocretense,
sumério, acádio, hurrita e ugarítico.
Embora se acredite que o sítio tenha sido habitado
anteriormente, a Ugarit neolítica já era importante o suficiente para ter sido
fortificada com um muro logo em seu início, talvez já no sexto milênio a.C..
A primeira evidência escrita mencionando Ugarit vem da
cidade vizinha de Ebla, no século XVIII a.C.. Ugarit passou para a esfera de
influência do Egito, o que influenciou profundamente a sua arte. O contato mais
antigo dos ugaríticos com o Egito (e a primeira datação exata da civilização
ugarítica) vem de uma conta de cornalina identificada com Senuseret I, faraó do
Reino Médio de 1971 a.C. a 1926 a.C. Uma estela e uma estatueta dos faraós
egípcios Senuseret III e Amenemhat III também foram encontrados. No entanto,
ainda não está claro em que época estes monumentos foram levados para Ugarit.
As Cartas de Amarna ugaríticas, de 1350 a.C., registram correspondências de dos
reis Ammittamru I, Niqmaddu II, e de sua rainha.
Posteriormente Ugarit caiu sob o jugo de novas tribos
aparentadas aos hicsos, que mutilaram os monumentos em estilo egípcio. Durante
o auge de sua cultura, do século XVI ao XIII a.C., Ugarit permaneceu em contato
constante com o Egito e o Chipre. O último rei de Ugarit na Idade do Bronze,
Ammurapi, foi um contemporâneo do rei hitita Suppiluliuma II. As datas exatas
de seu reino não são conhecidas.
Ainda se debate se Ugarit foi destruída antes ou depois de
Hattusa, a capital hitita. À destruição seguiu-se uma pausa na colonização da
região. Muitas outras culturas mediterrâneas estavam em profunda desordem na
mesma época, aparentemente devido às invasões dos misteriosos "Povos do
Mar".
A obra de literatura mais importante descoberta em Ugarit é
o Ciclo de Baal, que descreve a base da religião e do culto canaanita.
Alfabeto ugarítico
É o alfabeto mais antigo encontrado até hoje, acreditava-se
que este sistema possuía 27 letras, todas consoantes, o que classificaria este
sistema como abjad. A partir de pesquisas posteriores, conclui-se que este era
realmente um alfabeto, possuindo 27 consoantes e 3 vogais. Outras línguas
(particularmente o hurriano) também utilizaram esse alfabeto na área de Ugarit,
embora não em outros lugares. Textos com os mesmos caracteres foram encontrados
na Mesopotâmia, embora fossem correspondência procedente de Ugarit.
Os tabletes de argila escritos em ugarítico forneceram as
primeiras evidências da ordem alfabética tanto do levantino quanto do semítico
meridional, que mais tarde evoluiriam para as ordens alfabéticas do alfabeto
fenício, no qual teriam sido inspirados o hebraico, o grego em uma direção, e para
o ge’ez em outra.
Nesse sistema se escrevia da esquerda para a direita.
Alfabeto Fenício
Quanto à linguagem e à escrita, é notória a contribuição
fenícia na difusão do alfabeto. Eles foram os primeiros a compreender sua
utilidade, já que se tratava de um processo de escrita cômodo e simples, que
facilitava tanto as suas operações comerciais quanto a propagação do
pensamento.
Sabe-se que o alfabeto fenício foi baseado no alfabeto
semita, e a partir dele originou-se o alfabeto grego, bem como os alfabetos
aramaico, hebraico e arábico. O alfabeto fenício não tem símbolos para
representar sons de vogais; cada símbolo representa uma consoante. As vogais
precisavam ser deduzidas no contexto da palavra.
O momento e o lugar da aparição do alfabeto, tal como o conhecemos,
ou seja, sob a forma de um sistema que permitia a transcrição mais rápida e
mais fácil da linguagem oral, é ainda uma questão não resolvida. As teorias
mais prováveis de sua criação datam da primeira metade do segundo milênio a.C.
nas cidades de Ugarit, Tiro e Biblos.
Com suas 21 consoantes, o alfabeto fenício está bem
documentado nos monumentos de Biblos, como o sarcófago de Ahiram. Já nessa
época, a forma das letras estava fixa, assim como a posição horizontal da
escrita. De acordo com evidências arqueológicas o alfabeto fenício se espalhou
rapidamente além de suas fronteiras. Por volta do século IX a.C. ele havia sido
adotado por uma variedade de línguas vizinhas, incluindo o Aramaico, Hebreu,
Amonita, entre outras.
A expansão fenícia no Mediterrâneo levou à exportação do
alfabeto, primeiramente para Ciprus (Chipre) e Creta em 900 a.C. e um século
depois para o Mediterrâneo Ocidental, na Sardenha e no sul da Espanha. Contudo,
seu impacto foi mais proeminente na cultura egéia, na medida em que os fenícios
foram os responsáveis pela introdução e a adoção do alfabeto grego, um fato
confirmado pelo tamanho, forma e ordem das letras os primeiros escritos gregos.
O fenício era geralmente escrito da direita para a esquerda,
embora haja alguns textos escritos ao contrário.
Fontes:
Um comentário:
Uma sistematização interessante.
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